quinta-feira, 5 de maio de 2011

Meu Sertão


Quando eu saí do meu sertão

Foi só disilusão...
Eu vim pra cidade,
E no meu barraco
Num tinha sanidade...
Nem cum os vizim tinha amizade;
Era um povo que tinha dinhero
E num cunversa com pobre,
Cumiam era fijão tropero
E carne mole.
Comprava ropa era de loja
Tinha até uma mota,
Que fazia barui mais andava,
Os mininos ia pra escola,
De bota,
Ou de carçado de moda.
E eu ficava olhando esse povo metido a besta
Que num tinha tempo nem pra fala bom dia pra gente.
Outro dia a dona Inessa
Casada cum seu Clemente,
Tava passando de sarto alto
Cum a cabritinha do lado
Pintada p’recendo um palhaço
De muchila no braço.
Olhando p’esses trem
Dá uma saudade do sertão,
Lá a gente não vive sem ninguém
Tem gente boa.
Lembrei da minha enrolada,
A Zefreneide...
Dos seus bijus que fazia
Lá em casa de tardezinha.
Quando já era hora pra jantar
Mais os bijus da Zefrinha num dava pra rejeitar.
E vindo pra cidade
Pensa que tá melhorando de vida
Esse povo cum bestera de viagem
Não agüentei minha partida.
E é por isso que eu voltei pro meu sertão
Gente dá não,
Hum, ai ai,
Quero viver, morrer não.
Nesse lugar...
Dá nem pra plantar.
E eu num vô viver mais lá
Bom mesmo é aqui
Que tem pra sorrir
E o povo ao menos olha pra gente.

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